De uma a outra ilha
Cercada por água e luz
Ana Martins Marques
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O jejú e o curimatá sobem o rio
para encontrar a panela funda
e bem areada do moço bacabalense
Peixe não tem métrica mas é a rima
do pescador
Um depósito de areia
No canto do mundo
Na beira do mapa
A figura geométrica do amor
Um paraíso perdido
O livro do John Milton
A poesia que eu não li, mas vi
Os fios que cortam a cidade ali perto da caixa d’água
Sustentam sonhos e trepadeiras
O homem da ilha - firme no propósito- não repara.
Os dois mil tons
Que se espalham
Na face que ela dá a bater
Sabem das milhares de vezes em que cruzou a ponte?
Não existe um cérebro eletrônico capaz de libertar
As carrancas da fonte do Ribeirão dos olhares
De toda aquela gente que vai a São Luís
Mas que não compreende o cumprimento da ponte do amor do São Francisco sobre as águas.
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A Matilde Campilho disse que “a poesia, a música (…)não salvam o mundo. Mas salvam o minuto. Isso é suficiente.”, então, que seja bom.
Que lindo, Elena!💞
Caramba, essa foto dos peixes!